ontem peguei pra ler de novo! melhor HQ do mundo.
com gosto de café e cheiro de compras.
caí na cama da minha mãe, puxei a luminária, fiquei uns cinco minutos só olhando pro teto, largada, os pensamentos desconexos, until we felt red.
daí o livro. ai, aquele mesmo. até cheirei as páginas e contornei de leve, com a ponta dos dedos, os desenhos da capa. tudo isso muito lentamente, gestos mansos e infinitos, todo cuidado do mundo. li uma página ou duas, fechei os olhos e tentei lembrar, a mão na testa. daí a mão lá longe, o cheiro, o tal do grito mudo, lá bem distante mesmo, de quando eu sofria só de vazio-e-ponto, no lugar de sofrer de amor-e-vírgula
,
vírgula.
gente vai, gente vem, coisas mudam sempre, criam formas e se desfazem. plim! a vida. que tipo de vida é essa, de gente que nem percebe a vida? no fim, a gente não tem muita escolha: ou tá na merda, ou tá na merda. e sempre tá na vida, e todo mundo tá na merda junto, então de alguma forma a gente não tá sozinho. na vida.
vírgula.
sem contar que, né, adolescente burro é tudo assim mesmo. sofre de amor, de vazio existencial, de tédio, de amor, de amor e de sonhar. e sofre até de rir. de rir, cara! sofre, mas ri, entende? sempre acaba rindo. daí não reclamo. tenho em mim todos os sonhos do mundo e uma certeza de um dia vive-los um por um, marcá-los, uma certeza viva, que pulsa, que eu não explico.
pois bem. o livro.
ontem quis buscar nele uma nostalgia distante, de quando eu não a conhecia e nem sabia de nada sobre o tudo: sobre a vida. guriazita espoleta que eu era, vida numa bolha, batata frita e cabelo laranja. 'vazio-e-ponto', amor pela vida e só por ela. simples assim, bucolismo, Amélie e Macabéa dando as mãos, sorvete de maracujá e joelho de terra.
daí o tempo atropelou, 'crescer é na porrada', asfalto, maos soltas e o medo. a gente passou a fingir. porque é isso que fazemos, todos, criamos formas. é uma luta diária, mas quero eu, também, acordar todos os dias e ir para a escola, dormir com a cara no caderno e levantar com o rosto todo marcado. sorrindo ou não, foda-se: bom dia, Dona Indiferença!, porque a gente veio aqui pra rir. a gente sempre acaba rindo, afinal. e fingindo, e moldando, criando formas e deixando que se desfaçam com o tempo que sempre atropela, e a gente nem sempre percebe. a vida, o livro, o café, a foto, a viagem, a paisagem: tudo passa batido e some. o sentido desse post, inclusive.
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