quinta-feira, 3 de junho de 2010

vez como aquela
só mesmo a primeira
mal cheguei a chorar
uma lágrima inteira
.
largue uma lágrima
o primeiro que viu
o luar de janeiro
é primeiro de abril

pela liberdade de se matar, até a morte.

amor perdido, entenda-se: não qualquer afeto, não por um irmão e, oras bolas, é tenebroso perder um irmão, deixar de falar com um pai, desprezar uma mãe, negar um filho, mas estou falando de um amor raro, desses que por pouco não acontecem. e comigo aconteceu. aconteceu? eu não posso descrever a sensação disso, de como me sinto o eleito, sorteado, o escolhido e o idiota, escroto, burro, merda, sujeitinho merda, pecador. é tão sofisticado o sorriso besta que carrego na cara. porque vesti essa expressão que faz de mim um canastrão charmoso, um tipo detetive-chandler ou whatever, soturno e beberrão, que passeia pelos calçadões olhando para meninas que poderiam ser suas filhas e, no entando, não possui a emoção mais remota que justificasse uma punheta secreta no chuveiro do clube. esse sou eu. um alcoólatra. olha, não digo que sou alcoólatra na ilusão de que me destruo, pois tenho uma mente idealista e sofro com o desaparecimento do socialismo e a derrocada de Cuba. ou, no mínimo, eu poderia ser um cara que fica em frente a praia bebendo cerveja com pinga até cinco da tarde, depois uísque até dez da noite, rindo das caricaturas dos jornais, compondo um sambinha, repassando um pó. porém sequer uma cirrose me aguarda, apenas li que existem 75 tipos de alcoolismo e deduzi que era alcoólatra. qualquer pessoa não abstêmia deveria ser um. cabe-me, portanto, esse postite na testa, alcoólatra, mesmo que minha covardia não me permita beber mais que 15 drinques por semana. avalie: 15 drinques por semana não fazem de ninguém um desgraçado hepático. tsc. não quero reclamar nem mais um adjetivo, mas sou tão envolvente que fumo Minister, registrando a minha coragem contra os lembretes do Ministério da Saúde. uma guerrilha de ideologia estúpida...