segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Caio Fernando Abreu.

Puta merda, o cara é bom.

Uma coisa é fato: não sou, nem nunca vou ser daquelas garotas letradas-mega que lêem de tudo e querem sempre comentar sobre o que lêem, ou sobre o que gostariam de ler, ou sobre o que nem lêem e que nem gostariam de ler mas fingem ter lido, enfim, não sou mesmo, cara, detesto esse tipinho que fuma com a ponta dos dedos e faz um puta biquinho desnecessário pra soltar a fumaça, sempre com a cabeça virada pro lado, pro alto, cruzando as pernas no bar e urgindo por um café (BEM FORTE! SEM AÇÚCAR, PLEASE, QUERIDO!), enquanto comenta sobre a poesia dura e crua nos livros de Graciliano Ramos e o caralho a quatro... ah, vão à merda, to aqui sozinha, sem café, sem bar e sem cigarro, to aqui pra falar rapidinho, orgulhosamente com toda ignorância do mundo, sobre o Caio e ponto final.


Onde é que eu tava? Ah sim, puta merda, o cara é bom mesmo, me rendeu três páginas hoje, tanto que tô com esse conto no bolso, agora, que ainda não decidi como será seu fim, to também com trezentos mil textos pra passar pro blog, mas o tempo, gente, cadê tempo e vontade, cadê? Me salvem, peguei mania de Caio, essa de hipérboles, de escrever insaciáveis três mil parágrafos com pouquíssimos pontos-finais, resultado, hoje na aula não parei de escrever nunca mais. Estou 'oca', já me desfiz completamente, em BIC e nas últimas folhas do caderno de gramática, enquanto a professora tinha um chilique com o resto da turma. Sabe que, Clarice Lispector quando tava 'oca', largava os romances e começava a escrever historinhas infantis, né? Pois é, dizia ela que são mais soltas em fantasia, é uma literatura cheia de cor, não exige muito dessa coisa de selecionar palavras que atinjam os cantos mais profundos e obscuros das pessoas, como é no caso dos romances escritos às tristes tristes tristes criaturas que são os seres humanos adultos. Cara, concordo. Isso cansa mesmo a gente, sabe?
Então tá declarado: vamos todos ler Calvin & Hobbes, tomar sorvete e assistir desenhos no Cartoonetwork, até bater a maldita inspiração de novo, até eu pegar na BIC de novo, até eu me sentar de novo com alguma neuróticazinha-metida-a-moderninha numa mesa de bar, pra me irritar com a forma com que ela gesticula e fala sobre Graciliano Ramos, Graciliano isso, Graciliano aquilo... ah, vão à merda.