domingo, 11 de outubro de 2009

2007, por aí.

Não aguento mais ficar em casa, hoje meu domingo foi puramente lembranças. Sobe General Osório, desce General Osório, ouve cover de Distillers na frente da prefeitura, passa correndo pelos becos com medo dos skinheads, protestos idiotas no meio da rua, carnaval na praça, briga de mendigo na praça, cafézinho na praça, e no cyber, e na casa do Renan, e da Lua, e da Nati, sarau de poetas e palhaços, sessão pós-cursinho no cine paradiso, cerveja e bolinho de espinafre do bar do Scooby, vinho barato no topo do teatro de arena, parada gay na rua, encher a cara e acordar na casa de um desconhecido, bandinha cover de Bikini Kill, mini-baterista-quebra-galho, primeiro porre na Augusta, primeiro porre sério, primeiro porre-ai-meu-deus-vou-morrer, ABC, Santo André, rua das Figueiras, Utida e ponto de ônibus, primeiro corte de cabelo quase careca, festas na casa do Gabo e da Alice, Woodstock, Unistock, Ifchstock, Informal, Kitnet, Zé, Pão-de-Açúcar 24h, Hammer, CC, pf, padoca, samba do Diogão, picnic no Taquaral, showzinho na estação de trem, voltar a pé da escola só pra ir comendo amora na rua do riozinho...

Essas nostalgias eventuais têm sido meio corrosivas, os últimos dois anos da minha vida tiveram cheiro de desilusão amorosa e buteco sujo de centro de cidade, mas surpreendentemente eu sinto falta de ser idiota assim.




nossas roupas comuns dependuradas
na corda qual bandeiras agitadas
parecia um estranho festival.
festa dos nossos trapos coloridos,
a mostrar que nos morros mal vestidos
é sempre feriado nacional.

a porta do barraco era sem trinco
e a lua furando nosso zinco
salpicava de estrelas nosso chão.
tu pisavas nos astros, distraída,
a mostrar que a aventura desta vida
é a cabrocha, o luar e o violão.