ô ma que BOSTA de computador! eu estava no auge do meu texto e ele me desliga sozinho! ah, vá.
mas tudo bem, já foi. e afinal, a gente escreve pra quê?
'nasceu poeta, coitada', era o que eles diziam. sabe, eu percebi que poeta só se fode porque é incompreendido. 'ó, tadinho', consigo até ver suas caras irônicas fazendo esse comentário, mas eu não to brincando não. é incompreendido, sim senhor. um palhaço, né. ele sente as dores do mundo e coloca no papel, daí quem lê o trabalho do poeta pode até se identificar, do tipo porra, o cara sabe o que faz, hein? maluco, escreve bem, tal, gostei das palavras!, mas não. estando na pele, é outra coisa. ninguém vai estar na pele do poeta enquanto ele absorve as dores da vida, nunca. e é por isso, menina. é por isso que eu não digo 'eu te amo' sempre, é por isso que depois de todos os seus discursos o máximo que eu consigo fazer é te dar um abraço forte com aquele sorriso de canto, que não chega aos pés do seu, nunca. e ninguém. ninguém vai estar na pele do poeta na hora que eu te abraçar, ninguém no mundo sabe o que o seu sorriso colorido-dolorido significa pra mim, não há texto que descreva, escrever pra quê então, meu deus?
pois bem. então se meu computador é louco e resolveu desligar bem na hora que eu consegui cavar um buraco bem fundo nas minhas dores de forma a buscar nelas a essência de tudo, buscar palavras dignas o bastante pra descrever o que significa deitar no tapete e ouvir Cat Power e morrer um pouquinho a cada compasso e a cada gemidinho da Chan, ele, o computador, fez certo. porque qualquer um, qualquer desmiolado apaixonado feito eu que lesse e se identificasse com aquela besteira toda talvez pudesse ter uma idéia vaga de como eu me sinto, sim, mas nunca. a dor é minha é de mais ninguém, nunca ninguém vai tê-la como eu tenho, então escrever pra quê? publicar em um blog, um blog escondido que ninguém lê, pra quê, meu deus?
bando de folgados. as mãos trêmulas, o cérebro dormente, o poeta desnutrido se deita exausto depois de completar sua obra como quem acaba de ter um orgasmo, isso, um orgasmo narrativo, e vocês leitores absorvem tudo e exigem, e criticam, e choram em cima, e sentem-se no direito de se dizerem tão sentimentais quanto quem os escreveu, com aquela velha frase 'de poeta e louco todo mundo tem um pouco', quando na verdade tudo o que vocês absorvem é a imagem da dor e não a dor em si, uma fotografia, palmas!, resta-lhes a imagem do intocável, e vocês exigem, e criticam, e mijam em cima dela, sei lá, vocês leitores são todos sujos marginais e não percebem isso, não percebem que o poeta só quer ser puro, um mensageiro, um tradutor pra cada grito humano de agonia e...
ai, cansei. cansei de ser poeta. cansei do meu computador, cansei de estar com a mesma roupa desde que eu acordei, sendo que já passa de nove da noite. que absurdo, não? as férias chegam e a gente fica porco. agora eu também quero ser leitor e também quero criticar e criar caso por qualquer coisinha, ó, eu acho um absurdo!, essa gente que não toma banho! acho um absurdo mas não movo músculo algum a respeito, aliás, o desconforto que sinto é problema meu e de mais ninguém. assim como as dores. as dores do mundo estão lá fora, e a dor que está aqui dentro é problema meu e de mais ninguém. ninguém.
eu estou ouvindo 'No Sense' sem parar, ia até postar um trecho aqui que ironicamente me tem feito todo o sentido do mundo, mas cansei da lingua inglesa, também. acho que vou pra Rússia no lugar de ir pro Canadá, o que acham? não, não... besteira. não sei.
de qualquer modo: ouçam a música e procurem a letra no google, leitores preguiçosos.
vou tomar um banho, quem sabe dessa forma esse poeta chato não se dissolve em sujeira e escorre pelo ralo, feito coração de menina besta, uh-hum, vou matar o poeta em mim, mas vocês não precisam seguir o mesmo exemplo, se não quiserem. Good Bye. Ou, melhor dizendo: Au Revoir!