terça-feira, 27 de outubro de 2009

como tudo mais deve ser.

Gente. Que coisa. Levei outro susto. Hoje logo depois de almoçar eu estava dormindo, mas fui acordada por um estalo vindo do computador. Sem identificar o barulho eu me levantei, havia fumaça saindo da CPU. Foi cômico. Tragicômico, né. Nem me pergunte. Não sei quando vai ler isso, mas é pra avisar que talvez eu também passe uns dias longe.

O semi-incêndio ocorreu no início da tarde. Tive portanto quase oito horas do meu dia isentas de telefone, internet e televisão, coisa que me rendeu coragem para ressuscitar mais um daqueles livros que eu acabo comprando simplesmente por apresentarem um preço irresistível nos sebos. Às vezes nem chego a ler. É que lá no centro de Barão, onde eu estudo, tem muitos sebos. Um perigo, isso. Enfim, hoje o escolhido foi "As Pessoas dos Livros", da Fefê (faço a íntima, mermo). Não tenho nem o que comentar, você já sabe como é. Mesmo que não tenha lido esse, especialmente, o ritmo dela é constante em todos os romances, como se tudo o que ela já escreveu fosse uma série de suspiros múltiplos, e o espaço que há entre um livro e outro correspondesse ao momento de retomar o fôlego. Entende? Sempre aquela futilidade forjada, solidão paulistana, angústia comum. E triste. E boa.

Escuta. Talvez o que eu confesse agora venha a ser a coisa mais esquisita que já te disseram. Mas é que depois da página 54 eu passei a te comparar com meias finas de lã gasta. Pasme. É isso mesmo. E foi no começo da página 55 que eu fechei o livro e fui tomar groselha, nostálgica. Ai... vou explicar. Subi a escada-caracol com o copo na mão e teimei em ver fotos antiguíssimas, cara, tão velhas quanto fotos podem ser. Algumas até em preto e branco, de quando minha avó era menina, outras amareladas, dos anos 80: eu com um chapéu do Mickey com meus primos em volta da piscina. Sempre invejei àqueles que souberam aproveitar a simplicidade da época. Enfim. Eu falava de meias, né. Bom, negócio das meias é o seguinte, na casa da minha tia que é onde costumava ter essa piscina, havia também um mezanino, e um armário, e um baú. Não tem coisa que criança gosta mais do que baú. Perdíamos horas remexendo naquelas tralhas repletas de poeira, chapéus e, adivinha: meias. Não tem coisa que criança gosta menos do que meia. Ainda mais criança feito eu, que vivia com o pé no barro. Mas acontece que aquelas eram especiais. Juro. Eu tinha, por aquelas meias, desmedido cuidado. Como se ainda fossem tempos de guerra e ter um par daquelas, motivo de prestígio. As minhas eram azuis, tinham furos e manchas que eu nem questionava, mal cabiam no meu pé mas eu não emprestava pra ninguém. Cismei com aquele troço. Um troço lindo qualquer, que eu devo ter encontrado por aí e que de súbito se tornou uma espécie de companheiro imaginário, acessório essencial, feito fosse o primeiro bicho de pelúcia, havia um carinho inexplicável por aquele naco inorgânico que por algum motivo eu sabia que seria pra sempre.

De fato, o troço foi guardado por anos e aos poucos se eternizava em nostalgia e cheiro de armário velho. Entende? Querendo ou não, tinha um pouco de mim, alí. Sem que eu me desse conta, parte da minha história se arquivava de forma sutil, dentro de um baú, pra sempre.

Sei lá se isso chega a ser incrível, é bobinho e bastante simplificado perto de algo grande e assustador que é se saber apaixonada pela pessoa certa e querer pela primeira vez firmar planos para o futuro, mas, veja. É simples. E é eterno. Como tudo mais deve ser.

domingo, 25 de outubro de 2009

keep doing it wrong,
keep singing along...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Pederneiras, dezembro.
nostalgia forever então.




how far i am to keep you out, i'd like to tell you all about it.

narrow

Não pode ser. Não posso ser assim. Estar desse jeito, existir. Por quê? Ter esse formato, ser brasileira, mulher. Sinto um formigamento aqui. Será que é isso com todo mundo? Todo mundo pensa enquanto respira? Se a vida é esse formigamento, esse tremor inevitável, como calcular o seu fim? Tem gente que consegue. Mas tem aqueles que se jogam, pra bem, ou pra nunca mais. Penso que a morte pode ser previsível e até planejada, como voltar de uma viagem. Quando o momento chegar, talvez alguém com uma túnica apareça tocando violino do outro lado da rua, e então eu vou saber. Ou não. Mas de algum jeito serei avisada, i'll hear it in my head real low. Metáfora besta, mas imagino sempre aquele café antes do embarque. O último abraço apertado, as saudades antecipadas. O caminho percorrido pelo táxi antes de chegar ao aeroporto. Alguém que mira da janela uma plantação de girassóis esturricados pensando tchau, moço, pode parar o carro aqui mesmo. Preciso vomitar algo luminoso, como uma estrela de mil pontas. Tô indo morrer.

domingo, 18 de outubro de 2009

candy, candy, candy

life is crazy.




:)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

vai, 2009. não tem mais nada pra inventar. dessa vez não é capricho, juro que tenho um caminho, um motivo e um lugar. é outubro e eu já tô compulsiva. muito coldplay, muito sono de tarde e muito queijo no macarrão. é pedir muito? ...

voa, vá. faz logo a terra girar.

domingo, 11 de outubro de 2009

2007, por aí.

Não aguento mais ficar em casa, hoje meu domingo foi puramente lembranças. Sobe General Osório, desce General Osório, ouve cover de Distillers na frente da prefeitura, passa correndo pelos becos com medo dos skinheads, protestos idiotas no meio da rua, carnaval na praça, briga de mendigo na praça, cafézinho na praça, e no cyber, e na casa do Renan, e da Lua, e da Nati, sarau de poetas e palhaços, sessão pós-cursinho no cine paradiso, cerveja e bolinho de espinafre do bar do Scooby, vinho barato no topo do teatro de arena, parada gay na rua, encher a cara e acordar na casa de um desconhecido, bandinha cover de Bikini Kill, mini-baterista-quebra-galho, primeiro porre na Augusta, primeiro porre sério, primeiro porre-ai-meu-deus-vou-morrer, ABC, Santo André, rua das Figueiras, Utida e ponto de ônibus, primeiro corte de cabelo quase careca, festas na casa do Gabo e da Alice, Woodstock, Unistock, Ifchstock, Informal, Kitnet, Zé, Pão-de-Açúcar 24h, Hammer, CC, pf, padoca, samba do Diogão, picnic no Taquaral, showzinho na estação de trem, voltar a pé da escola só pra ir comendo amora na rua do riozinho...

Essas nostalgias eventuais têm sido meio corrosivas, os últimos dois anos da minha vida tiveram cheiro de desilusão amorosa e buteco sujo de centro de cidade, mas surpreendentemente eu sinto falta de ser idiota assim.




nossas roupas comuns dependuradas
na corda qual bandeiras agitadas
parecia um estranho festival.
festa dos nossos trapos coloridos,
a mostrar que nos morros mal vestidos
é sempre feriado nacional.

a porta do barraco era sem trinco
e a lua furando nosso zinco
salpicava de estrelas nosso chão.
tu pisavas nos astros, distraída,
a mostrar que a aventura desta vida
é a cabrocha, o luar e o violão.

sábado, 10 de outubro de 2009

well outside naked shivering looking blue